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Marcos Cintra

Escolha de técnicas e trade-offs entre produção e emprego em países subdesenvolvidos


I. Introdução: O Problema de Emprego


As décadas de 1960 e 1970 deixaram claro para a maior parte dos países subdesenvolvidos que haviam chegado a uma importante encruzilhada. Por um lado, poderiam tomar o rumo que vinham trilhando há algumas décadas, ou seja, a manutenção de uma respeitável taxa de crescimento de PNB per capita com crescente produtividade da mão-de-obra no setor manufatureiro, uma taxa pouco significativa de aumento de emprego em atividades secundárias, e uma forma de produção cada vez mais capital-intensiva. Tomando-se o rumo alternativo, os resultados seriam imprevisíveis. Tentativas ao longo deste novo rumo teriam que ser experimentais e seus resultados inseguros. O único princípio orientador era a certeza de que estes países teriam que enfrentar o problema de absorção de mão-de-obra que já marginalizava uma parcela crescente da população e, como consequência, tinha impedido seu acesso a uma parcela da crescente riqueza material que estava sendo gerada.

Baer e Hervé (1966) analisaram o aumento de produção e emprego em 19 setores industriais durante os anos 50 em sete países da América Latina, Índia e Egito. Dos 89 pares de taxas de crescimento anuais informadas, só três demonstravam taxas de aumento de emprego maior que a taxa de aumento de produção. Em 13 casos a taxa de crescimento de emprego era negativa (apesar da produção ter-se mantido constante ou aumentado). Para o setor manufatureiro como um todo, a taxa de crescimento de produção variava entre a mais baixa, 4,4% na Argentina, até a mais alta, 13% na Venezuela, enquanto a taxa de aumento de emprego...

Esta elevada taxa de crescimento da produtividade do trabalho pode ser atribuída em grande parte ao aumento da utilização de métodos de produção mais capital-intensivos. De fato, os autores também relatam o aumento da porcentagem da capacidade instalada por pessoa empregada em cinco países latino-americanos e na R.A.U., comprovando a intensificação do uso de capital nos métodos de produção. (2)

Este mesmo padrão pode ser observado na maior parte dos países em desenvolvimento durante a década de 60. Morawetz (1974) informa dados de taxas de crescimento anual de emprego e produção para 83 países em desenvolvimento. Apesar da taxa de crescimento de PNB per capita na maior parte dos países ter variado entre 1,5% e 4% durante o período 1960-1970, a taxa de crescimento de emprego na indústria raramente excedeu 10%. Considerando que em 1970 a parcela de mão-de-obra empregada no setor secundário dos países em desenvolvimento estava abaixo de 20%, podemos ter uma ideia bastante clara da magnitude do problema de emprego nessas economias. Tais problemas são significativamente ampliados pelo alto índice de urbanização na maioria dos países em desenvolvimento, causado pelo fenômeno de êxodo rural e atração por centros urbanos. Enfrentando sinais evidentes de síndrome de economias com excedente de mão-de-obra à la Lewis, tal como produtividade de trabalho extremamente baixa nos setores não-industriais, conjuntamente com a falta de capacidade dos setores tradicionais em aumentarem sua taxa de absorção de mão-de-obra, os países subdesenvolvidos têm sofrido fortes pressões sociais e políticas advindas de tal situação, agravadas pelos encargos econômicos que crescentes contingentes populacionais marginalizados geram em termos de bem-estar social e infraestrutura urbana.

Contudo, estes são fatos à procura de interpretações, e recentemente uma quantidade delas tem surgido na literatura especializada. A linha principal de pensamento da maior parte das interpretações, deixando de lado as que enfatizam as causas institucionais de desemprego e pleiteiam soluções como redistribuição direta de renda, reforma agrária e programas de treinamento para ocupações específicas, é baseada na premissa de que o objetivo global da política econômica durante as décadas de 50 e 60 foi atingir a mais alta taxa possível de crescimento do produto. Certamente, as décadas de 50 e 60 foram épocas em que se acreditou que, uma vez atingida uma alta taxa de crescimento do PNB per capita, todas as demais 'desiderata' ocorreriam sem grandes dificuldades. Foi a época em que a ajuda externa assumiu um papel preponderante na deflagração desses processos de crescimento e quando comitivas de consultores de países desenvolvidos giravam o mundo elaborando relatórios e emitindo recomendações sobre como implantar programas de investimento e como modernizar os setores industriais existentes.

Infelizmente, o problema explícito de absorção de mão-de-obra foi colocado em plano inferior na relação de prioridades da maior parte dos formuladores de política econômica, os quais concentraram-se no objetivo de aumento de produção.

Pode-se atribuir a má atuação na absorção de mão-de-obra a um grande número de fatores. (3) Deixando de lado o problema do desemprego keynesiano resultante de inadequações cíclicas da demanda agregada, o maior número desses fatores pode ser diretamente ligado à política de maximização da taxa de crescimento da produção.

Mencionaremos abaixo os dois argumentos apresentados com frequência: a) Política de substituição de importações: a grande ênfase no processo de substituição de importações como política de aumento da produção durante as décadas de 50 e 60 acarretou consideráveis doses de protecionismo. Tipicamente, foram adotadas práticas como taxas de câmbio múltiplas, tarifas alfandegárias e cotas de importação, conjuntamente com subsídios e toda espécie de incentivos fiscais, visando aumentar investimentos na substituição de importações. O resultado final foi setores de produção ineficientes e incapazes de competir no mercado mundial, e que, tendo em vista sua tecnologia importada, não puderam adaptar a demanda por fatores de produção às condições prevalecentes de oferta. Este fato gerou um aumento no esforço por parte do governo de apoio às indústrias, resultando, por sua vez, em coberturas de déficits, inflação e custo de capital altamente subsidiado. Relaciona-se também com a política de substituição de importações o aumento da importância do investimento estrangeiro em países em desenvolvimento. Na impossibilidade de penetrar através das impressionantes barreiras ao comércio, empresas estrangeiras sentiram-se forçadas a atuar por trás dos muros protecionistas construídos pelos países em desenvolvimento, levando consigo tecnologias não adequadas às condições de oferta local de fatores de produção. Além do que, como a tecnologia era importada, transferiu-se para países em desenvolvimento uma tecnologia gerada em países desenvolvidos, altamente poupadora de mão-de-obra. Este fato ocorreu via criação de novos setores industriais e via modernização de setores tradicionais já existentes, tudo em nome do aumento de produtividade e geração de maior excedente para investimento. b) Desequilíbrio entre procura e oferta de fatores de produção: a ênfase na obtenção de altas taxas de crescimento da produção levou à aceitação da premissa de que o alvo fundamental da política econômica deveria ser o relaxamento das limitações impostas pela falta de capital. Com o intuito de conseguir maiores taxas de formação de capital, os governos adotaram políticas baseadas em incentivos fiscais, 'drawback' para importação de bens de capital, taxas negativas de juros reais, taxas de câmbio preferenciais e outros artifícios, visando reduzir o custo de capital no setor privado. Além disso, a política de mão-de-obra para o setor manufatureiro baseou-se frequentemente em aumentos diretos ou indiretos da renda dos trabalhadores. Tais políticas tomaram forma através de leis de salários mínimos, aumento nos pagamentos de obrigações sociais por parte do empregador, restrições à dispensa de empregados e legislação severa com relação a horas de trabalho. O resultado final foi que os preços relativos dos fatores distorceram-se de maneira crescente, refletindo uma proporção na dotação fatorial que, em realidade, não existia. De certa maneira, consequências dessa política não poderiam ter sido previstas. Acreditava-se que a produção industrial se caracterizava por funções de produção com coeficientes fixos (funções de produção do tipo Leontief), e assim sendo, o problema de desemprego estrutural não poderia mesmo ser solucionado em função da demanda. Além disso, o espírito de urgência que prevaleceu na consecução da industrialização deixava pouco tempo disponível para a resolução do problema complexo e moroso de adaptação tecnológica dos processos de produção e oferta de fatores existentes. Como resultado, conforme vimos acima, a economia dos países subdesenvolvidos começou um processo de industrialização baseado em técnicas capital-intensivas, processo esse que tem se intensificado nas últimas décadas.

Esta tendência por parte dos países em desenvolvimento em adotarem altas relações de capital/trabalho não é sem alguma justificativa econômica. Discute-se que há alguma relação entre intensidade de utilização de capital e taxas de poupança, através do que a ligação entre a utilização de técnicas capital-intensivas e taxas altas de aumento de produção se forma. Mais recentemente, porém, esta opinião se defronta mais acirradamente com controvertida oposição.


Apesar de haver pouca evidência empírica a favor dessa proposta, aumenta a concordância de que a taxa de poupança está sendo gradativamente mais controlada pelos governos, a ponto de poderem, via política fiscal, determinar a taxa de poupança de um sistema econômico. Não seria ousado demais sugerir que, apesar da grande escassez de capital e de um crescente excedente de mão de obra em países em desenvolvimento, o custo de capital em relação ao da mão de obra baixou durante os últimos vinte anos. Embora haja pouca evidência empírica sobre o assunto, parece haver grande aceitação para o fato de que os preços relativos foram causas importantes no aumento da intensidade de uso do capital nos processos de produção em países em desenvolvimento.

Witte (1974) relata que a queda do índice de preço relativo ao custo de capital/salários no setor manufatureiro no México, de 100 em 1945 para 36 em 1964, e no Peru, de 100 em 1958 para 38 em 1966, pode explicar em grande parte o fracasso desses países em gerarem maiores taxas de emprego de mão de obra. Macedo (1974) também menciona que investigações empíricas para o Brasil indicam sensibilidade da demanda de mão de obra a variações em seu custo, enquanto Reynolds (1965) chegou a conclusões semelhantes para Porto Rico. Finalmente, deve-se mencionar que, conforme vimos acima, não só há uma tendência em países subdesenvolvidos para a utilização de métodos de produção mais capital-intensivos, como também Mason e Sakong (1971) demonstraram que a intensidade de utilização de capital para um conjunto de países em desenvolvimento era relativamente mais alta do que em países desenvolvidos, considerando as respectivas dotações fatoriais e tamanho de mercado. Essa evidência aponta para um viés orientado para a maior intensidade de capital em países atualmente subdesenvolvidos.

Baer e Hervê (1966) sugeriram que as altas relações capital/mão de obra observadas são, na realidade, um reflexo real das proporções de fatores efetivos que existem em países subdesenvolvidos. Havendo, no processo produtivo, uma relação rígida de mão de obra especializada por unidade de mão de obra não especializada, e havendo escassez de mão de obra especializada em países subdesenvolvidos, a proporção absoluta dos fatores capital e mão de obra se torna, em grande parte, uma variável irrelevante na escolha de técnicas de produção. Se, no caso de países subdesenvolvidos, a oferta de mão de obra especializada for insuficiente para gerar emprego para a massa de mão de obra não especializada, então a oferta efetiva de mão de obra deverá ser relativamente menor, resultando numa taxa de salários relativamente mais alta do que a taxa de juros, comparada à situação esperada se a oferta de mão de obra não fosse diferenciada.

Apesar de ser um argumento interessante, sua validade não parece ultrapassar o curto prazo. Sem falarmos de alguns técnicos altamente especializados que podem facilmente ser importados, o problema de treinamento técnico para mão de obra semi-especializada e especializada não tem se apresentado como um problema insuperável para a maior parte dos países subdesenvolvidos. O treinamento "on the job", assim como cursos de treinamento ministrados pela própria empregadora, parecem ter solucionado o problema de maneira satisfatória, aliviando esta limitação imposta à oferta de mão de obra.

A política econômica descrita acima e suas consequências causaram um considerável problema de absorção de mão de obra na maioria dos países em desenvolvimento. Dados de desemprego não estão disponíveis para a grande maioria dos países subdesenvolvidos. Não é difícil, no entanto, ver que grandes segmentos de suas populações foram totalmente alijados dos seus sistemas econômicos em crescimento. Tanto nas áreas urbanas quanto no campo, centenas de milhões de pessoas, através do mundo, pouco podem fazer senão observar uma minoria cada vez mais rica, composta de trabalhadores empregados, profissionais, capitalistas e burocratas governamentais, os quais estruturaram uma forma de crescimento exclusivista que se torna progressivamente mais difícil de ser penetrada.

Nesses países, a população marginal pouco pode fazer além de subsistir, apoiando-se no desperdício ou na ineficiência de seus sistemas econômicos. Conforme tentei esclarecer acima, são vítimas de dois conceitos errôneos que se sobrepõem: primeiro, que a intensificação na utilização de capital, através de seu efeito na distribuição de renda em favor do capital, resultaria em taxas de poupança maiores independentemente de intervenção governamental; e segundo, que funções de produção eram caracterizadas por coeficientes fixos. Se os dois conceitos acima fossem realmente verdadeiros, então seguramente técnicas capital-intensivas seriam justificadas por resultarem em maiores taxas de crescimento de capital, que, por sua vez, resultariam em maiores taxas de emprego de mão de obra.

Conforme mencionado acima, se é verdadeiro ou não que a intensificação do uso de capital resulta em taxas mais altas de poupança, isso está se tornando uma questão quase que exclusivamente de interesse acadêmico, tendo em vista a importância crescente do governo como fornecedor de fundos de investimento. No entanto, com referência à substitutibilidade de fatores, há uma crescente massa de estudos mostrando que a elasticidade de substituição é, na realidade, maior do que se supunha nos últimos 20 a 30 anos. Nerlove (1967) elaborou um relatório baseado em alguns estudos efetuados durante os primeiros anos da década de 60 e que tentaram estimar os parâmetros da função de produção C.E.S. Griliches (1967) e Eisner (1967) forneceram mais estimativas de funções de produção dos Estados Unidos e indicam a razoabilidade do modelo Cobb-Douglas, que infere uma elasticidade de substituição de fatores unitária.

Mais recentemente, relatou-se estimativas para países em desenvolvimento, e, em geral, os resultados se assemelham bastante aos mencionados por Nerlove (1967). Bruton (1972) informa sobre estimativas econométricas efetuadas por vários autores para nove países subdesenvolvidos. Niels tinha 17 estimativas da elasticidade de substituição para oito países em desenvolvimento. Todas essas estimativas eram significativamente diferentes de zero e variavam de 0,38 para a Argentina. Katz estimou as elasticidades de 1946 a 1954. Das 25 estimativas apresentadas, somente três não eram significativamente diferentes de zero. Além disso, apesar das estimativas de 1946 serem substancialmente diferentes das de 1954, o posicionamento relativo das estimativas nos dois anos era muito semelhante. As estimativas de Williamson para as Filipinas também reforçam a hipótese de forte substitutibilidade de fatores nos setores manufatureiros de países em desenvolvimento. Bruton (1972) também relata suas próprias estimativas para o México e para um conjunto de países em desenvolvimento, todos os quais reforçam a hipótese de substitutibilidade na produção. Ele conclui, comparando com as estimativas para os Estados Unidos, que os países em desenvolvimento reagem de forma semelhante quanto à proporção de utilização de fatores, dada uma alteração em seus preços relativos, um resultado confirmado por Mason e Sakong (1974).

Witte (1974) apresenta altas elasticidades de substituição para o México e o Peru, que variaram de 1,47 para o México em 1950 até 0,95 também para o México em 1965. Além disso, ela relata que variações nos preços dos fatores são responsáveis por 36% até 98% das variações no coeficiente de mão de obra na produção nesses países. Resultados semelhantes foram relatados por Macedo (1974) com referência ao Brasil e por Morowetz (1974) com relação a Porto Rico e Gana. Finalmente, devido ao alto grau de incerteza associado às estimativas econométricas de elasticidade de substituição, tanto como resultado de dados inadequados quanto a modelos conceituais questionáveis empiricamente, devo mencionar que há um setor do qual devemos esperar muita sensibilidade no que se refere à utilização de fatores, com relação a movimentos nos preços relativos de fatores. Sethuramall (1974) sugere que, na Índia, o setor agrícola deveria receber uma cota maior de investimentos como forma de aumentar a produtividade, melhorar a distribuição de renda através do impacto que teria no emprego e ainda aumentar a taxa global de crescimento da economia.


Aumentar a taxa global de crescimento da economia.Frequentemente, argumenta-se que tais alterações setoriais são severamente limitadas pela estrutura interna de demanda ou pela existência de mercados externos inadequados. Realmente, o problema de absorção do aumento da produção poderá ocorrer. No entanto, não deverá ser mais do que um problema de curto prazo se for adotada uma política apropriada. É difícil acreditar que os países subdesenvolvidos de hoje não poderiam absorver aumentos de produção agrícola, especialmente alimentos. Nesse contexto, a lei de Say, que estabelece que a oferta gera a sua própria demanda, parece bem mais apropriada do que a abordagem Keynesiana, que estabelece que a oferta depende de demanda prévia. O aumento do nível de atividade agrícola, em conjunto com políticas adequadas de emprego e tecnologia, deveria seguramente fornecer um mercado adequado para seu próprio produto, através dos efeitos no nível de emprego e dos efeitos indiretos de um padrão de distribuição de renda menos concentrado.

Retornando agora ao setor manufatureiro e ao seu potencial de solucionar o problema de absorção de mão-de-obra, existem inúmeros argumentos que afirmam que, mesmo que seja tecnicamente viável substituir capital por mão-de-obra e vice-versa, as possibilidades reais são muito menores por causa de algumas características estruturais do setor manufatureiro.

Argumenta-se que, conforme cresce o setor manufatureiro, quatro fenômenos básicos poderão ocorrer:a) a taxa de salário industrial aumenta em relação aos salários agrícolas em duas, três ou até quatro vezes;b) a importância relativa da indústria de pequena escala diminui;c) a importância relativa de empresas estrangeiras aumenta; ed) o grau de monopolização da produção aumenta.O aumento das taxas de salário industrial durante o processo de crescimento do setor industrial geralmente é explicado pela existência de pontos de estrangulamento causados por escassez de mão-de-obra especializada, por fatores institucionais, ou pelo argumento de que o salário "eficiência" é muito mais alto do que o salário agrícola. Como é lucrativo para os empregadores pagar salários mais altos, a taxa salarial acaba divergindo das condições de oferta. Conforme os salários aumentam, encorajados pela maior produtividade da mão-de-obra, há simultaneamente um incentivo em aumentar a relação capital/mão-de-obra, o que abre caminho para salários mais altos e maior produtividade. Pode-se, então, formar um círculo vicioso que facilmente poderá resultar em maior diferenciação de renda e níveis mais altos de desemprego. No entanto, a escolha da proporção de fatores utilizados na produção é uma função do preço relativo dos fatores, e não do preço absoluto. O mecanismo do salário eficiência poderia certamente abrir caminho para a intensificação do capital se o custo de capital fosse mantido constante, conforme os salários aumentassem. No entanto, uma política econômica direcionada à preservação do alto valor de escassez do capital, através de movimentos no preço relativo dos fatores, deve impedir a ocorrência de qualquer intensificação de capital não desejada.

Com respeito à distribuição do tamanho das empresas no setor manufatureiro, argumenta-se que, conforme diminui a importância relativa de empresas de pequeno porte, há uma diminuição correspondente nas taxas de absorção de mão-de-obra. Isso ocorre por causa da associação direta, que por vários motivos se supõe existir, entre tamanho e intensidade de capital na produção. No entanto, essa relação ainda não foi claramente estabelecida. Berry (1974), Bruton (1973) e Ranis (1973), entre outros, apoiam esse ponto de vista, embora Morowetz (1974) tenha muitas restrições a essa hipótese, e Tokman (1974) sequer encontrou evidências dessa hipótese em seu trabalho.

O argumento de que empresas estrangeiras e multinacionais tendem a escolher métodos de produção intensivos em capital também não foi claramente estabelecido. Wells (1974) achou que isso poderia ser verdade no caso da Indonésia; por outro lado, Mason (1973) não conseguiu apoiar essa hipótese em um estudo baseado em 14 pares iguais de subsidiárias de empresas norte-americanas e empresas nacionais no México e nas Filipinas. No estágio atual, parece difícil concluir algo a respeito dessa relação, e o que podemos fazer é aguardar a coleta de mais evidências.

Com respeito ao grau de monopólio no setor manufatureiro, tanto Wells (1974) quanto Mason (1973) encontraram alguma evidência de que quanto mais monopolizada for a produção, mais forte será a tendência de utilização de métodos intensivos em capital. O que ainda não se mostrou é que há uma relação positiva entre o aumento da produção e o grau de concentração monopolística.

Concluindo, parece não haver evidência clara da inevitabilidade dos aumentos na relação capital/mão-de-obra em países em desenvolvimento. Assim sendo, o problema de emprego poderia ser aliviado não só pelo aumento da produção, através de aumentos nas taxas de crescimento do PNB, mas também pela escolha de técnicas de produção. De certa maneira, o problema de absorção de mão-de-obra, e em grande parte o problema de concentração de renda, se resume a esses dois fatores básicos: a taxa de crescimento e a intensidade de utilização de mão-de-obra na produção.

É interessante observar que, apenas recentemente, a taxa de desemprego per se tem recebido consideração como um argumento explícito na função de bem-estar social. Antes disso, presumiu-se que a simples inclusão do aumento de produção como um objetivo socialmente desejável automaticamente abrangia o conceito de taxa de emprego. Uma forte relação entre a taxa de aumento de produção e a taxa de emprego era geralmente aceita. Mas a não ocorrência de efeitos diretos entre o crescimento do produto e o emprego serviu de alerta aos economistas, no sentido de que a relação não era na realidade tão forte quanto se presumia, e que poderia até haver uma relação negativa entre emprego e produção.

Além disso, o processo de concentração de renda, que se presumia ser um estágio passageiro no processo de desenvolvimento econômico, se mostrou um fenômeno muito mais permanente do que se esperava. Apesar da relação entre taxas de emprego crescentes e menor concentração de renda poder ser tida como válida, o fracasso em se atingir níveis satisfatórios de emprego automaticamente exclui a consecução de padrões de renda e distribuição de riqueza mais satisfatórios.

Como resultado, a inclusão não somente da taxa de crescimento da produção, mas também de medidas de emprego e distribuição de renda na função de bem-estar social trouxe complicações ao processo de crescimento econômico e desenvolvimento que anteriormente não eram percebidas.


Este fenômeno é agravado mais seriamente quanto maior for a incompatibilidade que, porventura, possa existir entre os argumentos na função de bem-estar social; e isso nos conduz ao próximo tópico, ou seja, a relação entre eles no processo de desenvolvimento e crescimento econômico.


II - Trade-offs entre produção e emprego atuais


Nesta seção, analisaremos a relação entre produção atual e emprego atual por meio de um modelo bastante simples.

Há três questões acadêmicas básicas de livro-texto que os economistas têm tentado abordar: o que produzir? Quanto produzir? E como produzir?A resposta à primeira pergunta não nos concerne neste trabalho. É suficiente afirmar que a produção se efetiva com o objetivo de satisfazer as necessidades do consumidor. O mecanismo de transformação das necessidades do consumidor em produto pode ser resultado do livre funcionamento do mercado ou de um processo de planejamento, e frequentemente é uma combinação de ambos. Foi essa a pergunta que tentou-se responder com a teoria de vantagem comparativa, que advogou que o critério de escolha deveria basear-se, antes de tudo, na maximização do lucro como um todo. Havendo mercados competitivos e um conjunto de preferências, se cada país se especializasse na produção de bens para os quais tem uma vantagem comparativa, os lucros, assim como o bem-estar social, seriam maximizados.

A segunda pergunta, que se refere à quantidade a ser produzida, será abordada, em parte, no próximo segmento. Por ora, nos concentraremos na terceira pergunta, ou seja, a escolha da técnica de produção.Polak (1943) e Buchanan (1945) formularam o critério da "taxa de turnover" para a escolha de investimento. Baseia-se na existência de um fator escasso, ou seja, o capital, assumindo que a mão-de-obra seja abundante ou até desempregada. Nessas circunstâncias, o critério exige a seleção de projetos que maximizem a produção por unidade de capital, o único fator escasso.Considerando o contexto histórico no qual os autores acima formularam esta sugestão, o critério parece ser uma afirmação bastante razoável. Em outras palavras, como os países pós-guerra tinham disponibilidade de mão-de-obra desempregada, cujo custo de oportunidade era zero, o critério teria realmente alocado recursos de maneira eficiente. Devemos ficar atentos, no entanto, ao fato de que trata-se de um critério completamente estático e que, nesse caso, a função de bem-estar social assume que a única variável relevante seria a produção atual.Kahn (1951) criticou as hipóteses nas quais está baseado o critério da "taxa de turnover", ressaltando que o critério relevante deveria basear-se no valor da produção líquida de custos e não no valor bruto da produção. Na realidade, os dois critérios são iguais, com a diferença de que o custo de oportunidade dos fatores de produção deve ser considerado. Além disso, Kahn mostrou que preços de mercado frequentemente precisam ser ajustados para refletirem seu custo social.O critério da "produtividade social marginal" de Kahn nada mais é do que uma versão mais sofisticada e generalizada do critério da "taxa de turnover", devendo, portanto, levar basicamente às mesmas escolhas de técnicas no caso de países em desenvolvimento.

A relação entre os dois critérios pode ser facilmente observada: presumindo-se uma função de produção neoclássica onde:

  • Y = valor adicionado líquido;

  • K = um índice de serviços de capital;

  • L = unidades homogêneas de mão-de-obra.

Maximizando-se essa função, chega-se à condição (2):

dYdL=0\frac{dY}{dL} = 0dLdY​=0

Se KKK estiver em oferta fixa, o critério da "taxa de turnover" objetiva empregar mão-de-obra até que seu produto marginal atinja zero. Esse resultado gera o corolário de que o critério da "taxa de turnover" requer a utilização da técnica de produção com a mais baixa relação capital/mão-de-obra possível.

O critério da "produtividade social marginal" requer a maximização de:

Y−WLK\frac{Y - WL}{K}KY−WL​

onde:

  • WWW = preço sombra do capital;

  • LLL = preço sombra da mão-de-obra.

Esse critério resulta na condição (4), que é idêntica à condição (2) se W=0W = 0W=0. Com a introdução do argumento de "emprego de mão-de-obra" na função de bem-estar social, pode-se formalizar mais um critério: a maximização do emprego de mão-de-obra.

Já vimos como a minimização da relação capital/mão-de-obra é um corolário da minimização da relação capital/produção, pelo menos no caso de funções de produção neoclássicas, como a função (1). No entanto, isso não é necessariamente o caso em outros tipos de função de produção, e já foi notada frequentemente a possibilidade de ocorrerem resultados conflitantes. Quando Higgins (1968) referiu-se ao fato de a Índia não ter seguido o exemplo de sucesso do Japão na adoção de técnicas intensivas em mão-de-obra, escreveu: "O caso é que essas técnicas intensivas em mão-de-obra se mostraram muito caras em termos de capital; os produtos e a tecnologia de baixa relação capital/mão-de-obra revelaram implicar em altas relações capital/produção". Por outro lado, Pack (1975) analisou quatro indústrias de um segmento de países em desenvolvimento e mostrou que uma mudança para tecnologia de maior intensidade de mão-de-obra, dado um determinado estoque de capital, resultaria em uma menor relação capital/produção.

Na primeira tentativa de lidar explicitamente com o problema do "trade-off" entre produção e emprego, Steward e Streeten (1971) não abordaram o problema sob o aspecto da substitutibilidade de fatores, mas mostraram que o conflito pode surgir, entre outras razões, porque a escolha fica restrita a apenas algumas funções de produção de coeficientes fixos. Na figura 1, encontrada no artigo dos autores, o conflito entre produção e emprego pode ser ilustrado pela observação das variações na relação capital/produção.

Dada a dotação fatorial fixa de unidades de capital e uma população de tamanho LLL, o conflito entre VVV e KKK pode surgir se houver apenas duas técnicas de produção, ou seja, a técnica AAA, intensiva em capital, e a técnica BBB, intensiva em mão-de-obra. As condições de produção são tais que a produção no ponto AAA é igual à produção no ponto BBB, mas BBB não é viável, pois transgride as restrições de capital. Nesta situação, é claro que a escolha da técnica BBB implica em um KKK menor, mas em um VVV mais alto do que no ponto AAA, caracterizando, dessa maneira, a existência de um "trade-off" entre produção e emprego.

Na realidade, o conflito entre VVV e KKK pode também ser demonstrado em termos de duas funções de produção contínuas, como na figura 2. Se a curva limitante da área intensiva em mão-de-obra da função de produção capital-intensiva corta a linha de dotação de capital à esquerda do ponto EEE (ponto de dotação fatorial), surge a possibilidade de um conflito, desde que a produção no ponto EEE seja menor que a produção no ponto AAA. Do contrário, a função de produção intensiva em capital seria escolhida.

A hipótese de que nenhuma reversão de intensidade de fatores ocorra não é necessária, desde que a condição de interseção entre a linha de dotação de capital e a curva limitante da área trabalho-intensiva da função de produção seja satisfeita. É claro que o conflito será real se a função de produção a que nos referimos for mais produtiva que a outra, pois do contrário, a primeira jamais seria escolhida.


Neste exemplo, a escolha será entre uma produção maior, representada pela diferença entre Y, ou desemprego ao nível GE.

"Trade-offs" como esse surgem seguramente em várias situações relacionadas à produção de um único produto, como Stewart e Streeten (1971) ou Sen (1962) exemplificaram. Também podem surgir em casos que envolvem diversos produtos com proporções fixas de fatores na produção, como nos mostrou Contini. Neste estudo, no entanto, estamos mais interessados em analisar o problema do ponto de vista do planejamento macroeconômico, para o qual pressupomos a existência de apenas uma função de produção agregada.

Utilizaremos um modelo simples, quase neoclássico, baseado nas seguintes pressuposições: a) uma função de produção Cobb-Douglas generalizada:

Y=AKaLβY = A K^a L^\betaY=AKaLβ

onde:

  • AAA é o parâmetro de eficiência;

  • a,β>0a, \beta > 0a,β>0, implicando na existência de isoquantas bem comportadas; b) o capital, KKK, é o fator escasso. A cada ano, o estoque de capital é aumentado pelo investimento do ano anterior Kt−1K_{t-1}Kt−1​; c) existe desemprego aberto de mão de obra, a ponto de o sistema poder ser caracterizado como tendo uma curva de oferta de mão de obra infinitamente elástica; d) os preços dos fatores são determinados exogenamente, de maneira que, a uma dada taxa de salário de subsistência, o custo do capital seja estabelecido de modo a resultar em pleno emprego de capital; e) decisões sobre investimento e produção são tomadas pelo setor privado, agindo competitivamente, ou seja, a maximização do lucro é atingida pela equalização do valor do produto marginal com os respectivos custos dos fatores (designamos o preço do produto final como "numerário" e o igualamos a 1); f) o modelo é denominado quase neoclássico no sentido de que estamos pressupondo que o grau de homogeneidade de (5), definido como α+β\alpha + \betaα+β, não precisa ser igual a 1 para preservar a proposição de lucro zero e a não monopolização da produção associada à teoria de distribuição marginalista.

A hipótese "f" baseia-se no fato de que podemos pressupor que as economias de escala são externas a cada empresa, mas internas em relação à economia como um todo. Em outras palavras, cada empresa aceita o produto agregado como parâmetro e acredita, assim, que sua produção depende apenas de seus insumos, quando, na realidade, também depende da produção agregada do sistema. Dessa forma, nenhuma empresa, mesmo que suspeitasse que seu custo depende do seu próprio nível de produção, poderia internalizar as economias de escala por meio da fusão com outras empresas, pois o nível de custos é função da produção agregada e não do sistema de propriedade existente.

Para uma discussão mais aprofundada, ver Andrieu (1974).

Andrieu (1974) mostra que, caso certas condições sejam preenchidas, se cada empresa tiver uma função de produção homogênea "objetiva", dada por:

Yi=AiKiaLiβY_i = A_i K_i^a L_i^\betaYi​=Ai​Kia​Liβ​

e acreditar que possui uma função de produção "subjetiva", então a integração da função de produção "objetiva" das empresas resultaria em uma função de produção agregada "objetiva" homogênea de grau λ\lambdaλ, onde λ=1\lambda = 1λ=1 e CCC é a derivada da função de produção "objetiva" da empresa com respeito a YYY, sendo uma constante estritamente menor que 1.


Além disso, o que nos mostra é que, se as empresas agirem competitivamente, igualando o preço dos fatores às suas produtividades marginais "subjetivas", a renda dos fatores absorverá o total do valor da produção, gerando um nível zero de lucro.

Isso completa a descrição do nosso modelo básico. Estamos pressupondo que a produção é efetuada pelo setor privado, que visa maximizar lucros, e que o governo só pode influenciar o mercado por meio de alterações no preço relativo dos fatores. Outras hipóteses serão elaboradas conforme as necessidades.

Suponhamos agora que a economia esteja em equilíbrio no ponto E da Figura 3, utilizando a relação capital/mão de obra igual a kkk, e empregando todo o estoque de capital. A isoquanta tangente à linha de preços relativos dos fatores indica a produção total nesta economia simplificada.

Dada a situação inicial, surge a questão de até que ponto os preços relativos dos fatores poderiam ser alterados para absorver uma parcela maior da mão de obra disponível. Está claro que um movimento a leste, passando por E′E'E′ até que a curva se torne horizontal, pareceria ser a resposta óbvia, e não seria incompatível com a minimização de vvv, a relação capital/produto.

Parece, no entanto, que essa possibilidade é remota, no sentido de que a substitutibilidade entre mão de obra e capital instalado é geralmente muito mais restrita do que a substitutibilidade na fase de planejamento. Este modelo de "argila" ("putty-clay") de capital significa que a possibilidade de alterar o kkk global da economia é realmente limitada a mudanças em kkk nos projetos marginais, restringindo os movimentos de equilíbrio na direção nordeste da Figura 3. A Figura 4 nos mostra os problemas possíveis que surgiriam no que se refere a kkk e vvv.

Dado um aumento no estoque de capital para K′K'K′, a economia se movimentaria através da linha de restrição de capital em direção nordeste do ponto EEE, tal como E1E_1E1​ ou E2E_2E2​. A questão que surge então é se existe ou não um "trade-off" entre as novas e antigas relações de capital/mão de obra e capital/produto, conforme nos afastamos do ponto EEE. Tentaremos determinar sob que condições um movimento em direção a um kkk mais desejável poderá acarretar um vvv menos desejável, ou vice-versa.

Em geral, para funções homogêneas Y=F(K,L)Y = F(K, L)Y=F(K,L), poderíamos escrever v=k/y=k/λv = k/y = k/\lambdav=k/y=k/λ, onde:

  • v=K/Yv = K/Yv=K/Y,

  • k=K/Lk = K/Lk=K/L,

  • λ=\lambda =λ= grau de homogeneidade.

Temos então em (13) Y=G(L,K)Y = G(L, K)Y=G(L,K), que poderia ser diferenciada.


onde






Ao determinarmos o sinal de (15), podemos verificar a existência ou não de um trade-off entre vvv e kkk. É óbvio que, para funções homogêneas lineares (λ=1\lambda = 1λ=1), a expressão não indica trade-off algum. Como [f(k)−kf′][f(k) - k f'][f(k)−kf′] é igual ao produto marginal da mão de obra, que presumimos ser positivo, a expressão (15) mostra que dv>0dv > 0dv>0 se f′(k)>kf'(k) > kf′(k)>k, o que significa que a relação marginal capital/mão de obra é mais alta do que a média, que está, portanto, aumentando e causando o aumento de vvv. O inverso se mantém para dv<0dv < 0dv<0. Este resultado justifica a afirmação de que nenhum conflito surge em termos de funções de produção neoclássicas. A Figura 4 indica que qualquer distanciamento do ponto EEE produzirá movimentos em kkk e vvv na mesma direção.

Com a finalidade de descobrir a relação entre vvv e kkk quando há retornos não constantes de escala (λ≠1\lambda \neq 1λ=1), substituiremos na expressão (15) a função de produção (5), que, de forma intensiva, poderia ser expressa da seguinte maneira:

v=KY=kf(k)v = \frac{K}{Y} = \frac{k}{f(k)}v=YK​=f(k)k​

O exame do sinal da expressão (17) resultante:

dv=D(1−g)dK−Dk(x−u)dLdv = D(1 - g) dK - Dk(x - u) dLdv=D(1−g)dK−Dk(x−u)dL

determinará a existência ou não de um "trade-off".

A expressão (17) é composta de duas partes, onde a primeira D(1−u)dKD(1 - u)dKD(1−u)dK mostra o efeito de uma alteração em KKK, mantendo a mão de obra constante (por exemplo, movendo-se por uma linha vertical através do ponto EEE), enquanto que a segunda parte Dk(x−u)dLDk(x - u) dLDk(x−u)dL mostra a alteração em vvv, mantendo-se constante o fator capital (por exemplo, movendo-se por uma linha horizontal através do ponto EEE). Como DDD e kkk são positivos, existe um "trade-off" entre vvv e kkk no caso em que a mão de obra é mantida constante, apenas quando λ>1\lambda > 1λ>1, já que dv<0dv < 0dv<0 e kkk está aumentando como resultado do aumento da utilização de capital. Este resultado implica na existência de fortes retornos de escala e em um crescente produto marginal do capital, uma situação extremamente difícil de ocorrer.

Nos casos em que o capital é mantido constante, haverá um "trade-off" apenas se λ>1\lambda > 1λ>1, o que não é possível, pois λ≤1\lambda \leq 1λ≤1.

Finalmente, se permitirmos a variação tanto de capital quanto de mão de obra, dependendo de dK>kdK > kdK>k, em situações desse tipo, quando ocorrem retornos de escala não constantes, a existência ou não de trade-off entre vvv e kkk dependerá não somente da direção da alteração da relação marginal capital/mão de obra, mas também da magnitude dos incrementos de capital e mão de obra. A existência ou não de trade-off, portanto, dependerá das estimativas dos parâmetros da função de produção e do grau de economias ou deseconomias de escala existentes.


III - Desagregação em dois setores

A análise apresentada acima poderia ser expandida para um modelo de dois setores. O modelo expandido seria útil na análise de decisões de investimento intersetoriais e seus efeitos na produção e no emprego atuais.

Em muitos países em desenvolvimento, um problema particularmente interessante surge quando o setor agrícola não é capaz de gerar um excedente suficientemente grande para evitar estrangulamentos no setor externo, dado a necessidade de importar alimentos. Esse problema é particularmente agudo em economias com excedentes populacionais, onde o emprego da mão de obra já foi forçado até o ponto de produtividade marginal próxima a zero.

Diante dessa situação, a política adequada seria aumentar a disponibilidade de capital para cada unidade de mão de obra já empregada, numa tentativa de aumentar o excedente agrícola. Essa intensificação de capital pode parecer contraintuitiva, considerando que a substitutibilidade de fatores na agricultura geralmente é mais alta do que no setor industrial, e também que estamos lidando com uma economia com excedente de mão de obra.

Parece que tal política de fornecimento de capital adicional para trabalhadores agrícolas não seria apenas indesejável em termos de potencial de absorção de mão de obra, mas também não maximizaria a produção por unidade de capital, o fator escasso.

Com a finalidade de analisarmos este caso, expandiremos nosso modelo básico para abranger dois setores, o industrial e o agrícola, cada qual caracterizado por uma função de produção diferente. Se usarmos YAY_AYA​ para descrever o setor agrícola e YIY_IYI​ para descrever o setor industrial, podemos demonstrar que

onde 6 a proporção de produção total que ê gerada em cada se tor específico.    

Pressupondo-se, como anteriormente, que capital instalado não pode ser usado em proporções diferentes e que não pode ser transferido

onde

Presumindo-se que as parcelas se mantêm constantes,

Usando a expressão (17), podemos substituir dvdvdv e dkdkdk, e derivar a expressão (18) do texto.

No caso de se passar do setor industrial para o setor agrícola, o lado direito da expressão (18) desaparece, pois expressa o efeito global sobre vvv em uma mudança global em kkk, causada por uma variação na proporção de fatores industriais. Resta apenas o efeito global de uma mudança em kkk, causada pela intensificação de capital somente na agricultura. Como, no entanto, o emprego de mão-de-obra agrícola é constante, ou quase constante, temos: (19) dv=0dv = 0dv=0.

O sinal desta expressão é não-positivo se ct>1ct > 1ct>1. A intensificação de capital na agricultura, portanto, levaria a um vvv mais baixo (e, portanto, menos desejável) apenas no improvável caso de ct>1ct > 1ct>1. Caso contrário, vvv permaneceria inalterado se presumirmos que ctctct se aproxima de 1. Como a elasticidade da produção em relação à mão-de-obra foi presumida como zero, ou quase zero, temos B=0B = 0B=0, caso em que a produção no setor agrícola é proporcional ao capital empregado. Mesmo nesse caso, não há um "trade-off" entre vvv e kkk, pois a relação global capital/produto na economia não é alterada por mudanças nos métodos de produção com maior intensidade de capital. É lógico que o problema de desemprego não seria resolvido por essa política, mas, por outro lado, poderia ter grande valor estratégico ao permitir o avanço do processo de industrialização.

IV - Escolha IntertemporalAté aqui, nos concentramos nos possíveis "trade-offs" entre produção atual e emprego atual. No entanto, se introduzirmos o elemento tempo, a escolha se complica imensamente. O problema, na realidade, é escolher entre duas trajetórias temporais distintas em relação ao emprego e à produção. A produção atual é desejável não apenas para satisfazer o consumo presente, mas também para gerar um excedente investível, com o qual taxas mais altas de crescimento de produção e emprego poderão ser alcançadas no futuro. O conflito, portanto, poderia envolver um nível mais baixo de emprego atual em troca de níveis mais altos de produção e emprego no futuro, ou vice-versa. Stewart e Streeten (1971) discutem alguns pontos relacionados à taxa de desconto a ser usada para produção e emprego, concluindo que provavelmente deveríamos aplicar uma taxa de desconto mais alta à produção do que ao emprego, mas que, ainda assim, deveria haver uma taxa de desconto positiva aplicada também ao emprego.

O conflito entre emprego atual e a taxa de crescimento da produção e do emprego parece ser real, especialmente como salientou Berry (1974), já que parece haver uma forte correlação, na visão dos que defendem o crescimento em primeiro lugar, entre técnicas de produção poupadoras de mão-de-obra e o crescimento da produção. O elo é geralmente encontrado em taxas mais altas de poupança e, consequentemente, de fundos investíveis, que, hipoteticamente, estão associados a maiores relações capital/mão-de-obra. Outros fatores, como a taxa de crescimento populacional, educação, urbanização, e assim por diante, também podem ser elos importantes. Por outro lado, Sethuraman (1974) contestou essa premissa, ao menos no caso da Índia.

Galenson e Leibenstein (1955) foram os primeiros a introduzir um critério de investimento baseado no potencial de contribuição de um projeto para as futuras taxas de crescimento da produção e do emprego. Eles criticaram o corolário usual dos critérios da taxa de "turnover" e da produtividade marginal social, alegando que baixas relações capital/trabalho tendem a diminuir a taxa de poupança da economia, em razão da baixa produtividade da mão-de-obra resultante. Eles sugerem que o critério adequado deve ser baseado na magnitude do excedente gerado por um projeto, sendo este maior quanto menor a parcela de custos direcionada à mão-de-obra, já que esta tende a consumir toda sua renda. Por outro lado, presume-se que os pagamentos ao capital são reinvestidos, gerando novas rodadas de aumento na produção e no emprego.

Galenson e Leibenstein sugerem que não deve haver diferença entre os critérios privados e públicos de avaliação de investimentos, opondo-se à tendência estabelecida por Polak-Buchanan e Kahn, que atribuem grande importância à divergência entre objetivos privados e sociais quando o sistema de preços diverge dos preços competitivos. Eles também levantaram aspectos dinâmicos do problema que não estavam presentes, ao menos explicitamente, nas formulações anteriores de critérios de investimento. Recomendam que a produtividade da mão-de-obra seja incrementada ao máximo possível, até mesmo criando uma escassez artificial de mão-de-obra, se necessário. Projetos que apresentem maior intensidade de capital, e, portanto, maiores taxas de geração de excedente, devem ser escolhidos.

O critério da maximização da taxa de excedente requer maximizar o excedente, definido como a diferença entre produção e consumo. Como os lucros são poupados e os salários são totalmente consumidos, o critério procura maximizar: (20) F(k,L)−...F(k, L) - ...F(k,L)−..., onde a taxa de salário privado gera a condição (21), que coincide com o comportamento de maximização de lucros.

Essa solução claramente requer maior intensidade de capital do que os critérios da taxa de turnover e da produtividade social marginal (2) e (4), que equiparam o produto marginal da mão-de-obra com zero ou com um preço sombra baixo de mão-de-obra, refletindo a existência de um excedente empregável.

A função de bem-estar social implícita no critério da taxa de excedente

Efetuando as substituições indicadas, obteremos o resultado

Conforme era esperado, a taxa de crescimento da produção é igual à taxa de poupança dividida pela relação capital/produto. A única diferença é que, no modelo neoclássico, ela é determinada exogenamente pela taxa de crescimento da força de trabalho (a taxa natural de crescimento), enquanto que, aqui, é determinada endogenamente por v(k). Graficamente, o modelo poderia ser descrito da seguinte forma:

Dada a função de produção, a taxa de poupança e a taxa salarial, a relação capital/mão-de-obra de equilíbrio, k, será escolhida de maneira a empregar todo o capital disponível. Isso significa que o custo de capital, r, será tal que os pagamentos aos fatores esgotarão totalmente o valor da produção. Isso ocorre no ponto em que uma reta, saindo de w, tangencia f(k).

Conforme ilustrado na Figura 5, fica claro que, à medida que a técnica de produção se altera, ou seja, conforme k se altera, dada uma quantidade fixa de capital disponível, o ponto B se deslocará ao longo da função de poupança. Quanto mais baixo for k (e, portanto, quanto maior for o emprego), mais baixo será v (que, como vimos anteriormente, é o inverso da inclinação da reta que une a origem ao ponto C) e mais alta será a taxa de crescimento do produto. Dado um v constante, também mais alta será a taxa de crescimento do emprego. Fica claro que não há "trade-offs" envolvidos nesta situação. Isso também ilustra a afirmação de Bator (1957), de que "a maximização da produção é uma condição necessária para a maximização da produção em qualquer período futuro", pois, dada uma dotação de capital fixa, uma redução em v significa que a produção total está aumentando, apesar do declínio na produtividade da mão-de-obra. De fato, dado v fixo, a produção máxima será alcançada no ponto em que o pagamento de salários esgotar a produção total.

No entanto, o ponto D não é viável no contexto do modelo que apresentamos. Embora fosse possível atingi-lo em um sistema econômico autocrático de planejamento centralizado, ele não é viável em um sistema onde as decisões são tomadas pelo setor privado, que sempre escolherá o ponto C de maximização de lucros. A única maneira de alcançar maior emprego (através de um k mais baixo) seria pela redução da taxa salarial, assumindo uma taxa de poupança constante. Esse fato, no entanto, parece indicar um possível conflito entre emprego e crescimento por um lado e padrão de vida por outro. Vemos que, embora não haja conflito técnico, como Bator destacou, há conflitos evidentes de outras perspectivas a serem examinadas.

Estamos pressupondo que a taxa de poupança é constante, sem especificar quem efetua essa poupança. No modelo neoclássico padrão, onde os lucros cabem aos donos do capital, que não são identificados com uma classe social específica (pressupõe-se que os lucros são distribuídos como dividendos aos donos do capital, que podem também ser os assalariados), não é relevante saber quem poupa. Estipulando-se uma taxa de poupança socialmente desejada, e sendo ela efetivada pelas empresas via lucros não distribuídos, os trabalhadores compensarão ajustando para cima o seu nível de consumo. Pressupõe-se que as pessoas "enxerguem através do véu empresarial".

Em economias em desenvolvimento, a situação é bem diferente. Há uma clara distinção entre assalariados e capitalistas, sendo duas classes distintas que agem independentemente. O ponto crítico do critério de Galenson e Leibenstein é que os trabalhadores consomem tudo o que ganham, enquanto todos os lucros são poupados. Além disso, presume-se que a parcela de lucros aumenta com a adoção de métodos de produção mais intensivos em capital. Essa hipótese faz com que a taxa de poupança se relacione inversamente com o crescimento do emprego.

Essas hipóteses, no entanto, não consideram o fato de que o papel do governo tem se expandido constantemente como o principal determinante da poupança de uma economia. Ironicamente, isso se assemelha mais ao modelo neoclássico do que ao modelo de Galenson-Leibenstein. De certa forma, o governo pode otimizar a taxa de poupança de uma maneira que nenhum dos dois padrões de poupança "de classe" poderia fazer. Através da intervenção governamental, seria possível atingir uma taxa de crescimento maior, o que significa um k mais baixo e maior emprego, desde que nem todo o lucro já fosse poupado. Em outras palavras, presumindo-se razoavelmente que uma parte dos lucros seja consumida, o governo pode reduzir o custo da mão-de-obra para o setor privado, incentivando, assim, maior emprego, sem reduzir os padrões de consumo, caso políticas de redistribuição sejam adotadas de maneira a transferir o consumo dos detentores de lucro para os assalariados.

Essa estratégia nos aproxima mais do modelo neoclássico no sentido de que não existem "trade-offs" entre emprego e taxa de crescimento do produto. No entanto, presumindo que todos os salários são consumidos e que todos os lucros são poupados, a taxa de crescimento do produto dada pela equação (32) transforma-se em:

KSY\frac{K}{SY}SYK​

A taxa de poupança s é igual à parcela de lucro y. Utilizando uma função Cobb-Douglas, onde as parcelas da renda são constantes, a taxa de poupança é igual a v, o coeficiente de capital, e, novamente, é independente da distribuição de renda. Graficamente, a Figura 6 ilustra essa situação.

Novamente, dada a taxa de poupança sss, não há "trade-offs" técnicos entre emprego e crescimento. Este modelo pode refletir situações de países em desenvolvimento, onde o governo não é suficientemente forte para determinar o nível de poupança de forma diferente daquela que os receptores de lucro desejam. Como resultado, nenhuma política de distribuição é possível e, de fato, uma taxa de crescimento mais alta só pode ser alcançada pela redução dos padrões de consumo dos assalariados. Se essa política pode ser justificada ou não, dependerá de como as duas trajetórias temporais da taxa de consumo são avaliadas.

Concluímos, com base no que vimos acima, que, sob as hipóteses apresentadas, não há "trade-offs" entre emprego e produção por um lado, e taxa de crescimento do produto por outro. No entanto, taxas de crescimento maiores podem ser alcançadas somente pela repressão dos níveis salariais. A menos que se adotem políticas de redistribuição, o processo de aumento das taxas de crescimento do produto pode ser altamente traumático, especialmente considerando que o salário institucional esteja bastante próximo ao salário mínimo aceitável.

V - Progresso Tecnológico

Finalmente, devemos considerar quais são os efeitos das mudanças tecnológicas na escolha de técnica e na taxa de emprego.

Geralmente, acredita-se que uma explicação para o fato de o emprego ter aumentado a uma taxa mais baixa do que a produção é que as mudanças tecnológicas têm sido, em geral, poupadoras de mão de obra. Além disso, países em desenvolvimento, que utilizam tecnologia ultrapassada na maioria dos seus setores, pelo menos em comparação com países desenvolvidos, tendem a adotar os métodos de produção mais modernos e atuais. Como a tecnologia desenvolvida em países industrializados reflete as suas próprias proporções de oferta de fatores, a sua adoção por países subdesenvolvidos favorece métodos de produção de maior intensidade de capital. Além disso, a importância crescente das empresas multinacionais nos setores manufatureiros de países em desenvolvimento tende a torná-las canais importantes para a transferência de tecnologia, acentuando a dependência tecnológica desses países em relação à "pesquisa e desenvolvimento" das economias industrializadas.

Em muitos casos, a tecnologia mais moderna e de maior intensidade de capital tem se mostrado superior aos processos mais antigos. Nestas circunstâncias, apenas considerações não econômicas justificariam a adoção de tecnologias que empregam um número relativamente maior de capital e de mão de obra por unidade de produção. Na maioria dos casos, porém, um processo não é ineficiente em relação ao outro, e assim, existe uma verdadeira alternativa de escolha de tecnologia. No entanto, como as tecnologias intensivas em mão de obra geralmente são mais antigas, existem problemas práticos com relação à sua adoção, já que não são utilizadas em países desenvolvidos, sendo difícil encontrar equipamentos apropriados e/ou peças de reposição.

A conclusão a que chegamos é que, se o problema de emprego em países subdesenvolvidos já estiver agudo, a tendência é que ele piore, a menos que os padrões tradicionais de dependência tecnológica possam ser rompidos.

Ranis (1973) nos mostrou um aspecto particularmente otimista com relação a este problema. Conforme um país sai do estado econômico caótico, atribuído às tentativas frequentemente impensadas de substituição de importações, ele se torna mais sensível em relação à sua própria dotação de fatores. Nesse estágio, continua Ranis, o processo de transferência de tecnologia torna-se mais flexível, e os países subdesenvolvidos começam a adotar processos tecnológicos mais condizentes com suas próprias condições de oferta de fatores. Além disso, as ineficiências, que eram resultado de muitas políticas voltadas à substituição de importações, começam a ser eliminadas em favor de tentativas de melhor aproveitamento de capital, favorecendo maior absorção de mão de obra.

De certa forma, o processo descrito por Ranis é um em que as funções de produção de coeficientes fixos anteriormente adotadas começam a permitir maior substituibilidade de fatores, por um lado, e, por outro, inovações que utilizem mão de obra. Além disso, aumentos nos níveis de educação e experiência empresarial podem deslocar para cima a função de produção, que, apesar de neutra em termos de utilização de fatores, pode gerar níveis mais altos de poupança e, portanto, taxas mais altas de crescimento do produto e do emprego.

Nos termos do modelo descrito acima, poderíamos analisar essas mudanças tecnológicas em termos de variações dos parâmetros da função de produção. Uma mudança no parâmetro de eficiência AAA caracterizaria uma inovação neutra, que aumenta a eficiência, mas não afeta a taxa marginal de substituição entre os fatores. Uma alteração no coeficiente de capital α\alphaα, por outro lado, caracterizaria mudanças técnicas não neutras (função de produção (5)).

Mantemos as premissas básicas do modelo e assumimos que todos os salários, fixados exogenamente, são consumidos e todos os lucros são investidos, de tal forma que a taxa de crescimento do produto e do emprego seja igual à taxa de juros, que, neste caso, é igual ao produto marginal do capital. Fica claro, através da equação (35), que qualquer inovação tecnológica neutra leva a uma queda na relação capital/emprego e, consequentemente, a um aumento no emprego. Isso é causado pelo fato de que o valor do produto marginal dos dois fatores aumenta. No entanto, como os salários são fixos, enquanto a taxa de juros pode aumentar, há uma queda relativa no preço da mão de obra, o que leva ao aumento do emprego.

Uma mudança no coeficiente de capital, porém, é mais complexa. Sendo não neutra, aumenta o valor do produto marginal do fator cujo coeficiente aumentou e diminui o dos outros fatores. (Estamos pressupondo uma função de produção homogênea linear.) Por exemplo, um aumento no coeficiente de capital aumenta o valor do produto marginal (ou demanda) de capital e diminui a demanda por mão de obra. Como a oferta de capital é fixa, seu preço sobe, o que causa uma mudança favorável ao maior uso de mão de obra. Por outro lado, como o valor do produto marginal do trabalho diminui, mas seu preço é fixo, o preço da mão de obra relativo ao preço do capital aumentou, o que deve levar a uma menor utilização de mão de obra. O efeito líquido dependerá da proporção de capital para mão de obra existente na época da inovação tecnológica. Se kkk era alto (por exemplo, empregava-se pouca mão de obra), o efeito de aumento no preço relativo do capital prevaleceria, e a técnica a ser empregada usaria maiores quantidades de mão de obra por unidade de capital; se kkk era baixo, ocorreria o oposto, e a relação capital/mão de obra aumentaria.

A equação (36) nos informa que o sinal de Δk\Delta kΔk será positivo se z−log⁡k<0z - \log k < 0z−logk<0, e que a expressão terá um sinal negativo se o oposto for verdadeiro. Este exercício simples nos mostra que, ao permitir a adoção de progresso técnico, a relação entre mudança tecnológica não neutra e emprego de mão de obra não é tão intuitiva quanto pareceria.

Semelhante ao ocorrido com capital/mão de obra, a relação capital/produto diminui conforme aumenta o parâmetro de eficiência, como podemos ver na equação (37). O sinal de (38), por outro lado, será positivo se z=1−θθz = \frac{1 - \theta}{\theta}z=θ1−θ​, e vice-versa.

Com relação ao aumento da taxa de crescimento do produto, temos que... (continua conforme as equações mencionadas e os relacionamentos anteriores).

A taxa de crescimento do produto sempre responde de forma positiva a um aumento no nível de eficiência, representado por um aumento em AAA. Por outro lado, o sinal da expressão (40) será positivo se z=log⁡k>0z = \log k > 0z=logk>0, ou seja, k>1k > 1k>1, e vice-versa.

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