Também no Brasil, como em outros países, há evidências de que a oferta de empregos não tem acompanhado o ritmo de crescimento da economia. Além do crescimento econômico, busca-se explicar a crise de desemprego mundial pela mudança de perfil da mão de obra exigida. Os grandes centros urbanos estão se transformando em cidades terciárias, alterando a demanda por mão de obra. Novas oportunidades de emprego se concentram nas atividades intensivas em tecnologia, como nas áreas financeira, médica, comercial, de pesquisa e de negócios internacionais. A condição essencial para o emprego passa a ser a escolaridade, a qualificação, a especialização e o treinamento.
Expulsam-se instalações industriais, desempregam-se operários e geram-se milhões de excluídos, que se amontoam em bolsões de pobreza e marginalidade, especialmente nos países em desenvolvimento. Porém, isso sozinho não responde pelo desemprego. Um artigo do "The Economist" mostra que a diferença entre as taxas de desemprego de 12% na Europa Ocidental e de 6% nos EUA pode ser explicada, em parte, pela maior rigidez dos mercados de trabalho nas economias europeias e pela excessiva regulamentação dos mercados de produtos e de capital.
Para proteger os direitos dos trabalhadores, o habitat urbano ou o meio ambiente criam restrições a novas atividades geradoras de empregos. Na Europa, as leis de zoneamento urbano, os impedimentos no funcionamento do comércio nos fins de semana e a proteção excessiva a atividades profissionais foram fatores impeditivos na expansão do emprego. Nos EUA, a ausência de restrições estimula a busca de novos nichos de mercado, abrindo oportunidades de geração de novos postos de trabalho.
No Brasil, o mercado de trabalho não tem uma rigidez excessiva, mas o combate ao desemprego exige ações na direção da desregulamentação da economia e da adequação da oferta de recursos humanos ao tipo de mão de obra requerido pelo mercado de trabalho em rápida transformação.
MARCOS CINTRA CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE, 48 anos, doutor em Economia pela Universidade de Harvard (EUA), é vereador da cidade de São Paulo pelo PL e professor titular da Fundação Getulio Vargas (SP). Foi secretário de Planejamento e de Privatização e Parceria do Município de São Paulo na administração Paulo Maluf.