A partir da segunda metade do século XX, chegou-se a um consenso vigente até hoje: a longo prazo, o progresso econômico é fundamentalmente determinado pela capacidade de um país desenvolver e inserir novas técnicas em seu sistema produtivo. Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), desde então, assumiram um lugar prioritário no desenvolvimento das nações.
Vale distinguir que ciência refere-se ao conhecimento adquirido com base em um método de pesquisa, a tecnologia é a transformação desse conhecimento em novos ou melhores equipamentos, produtos, processos, matérias-primas e materiais, visando inseri-los na atividade produtiva. A inovação ocorre quando essa novidade chega efetivamente ao mercado como um bem, serviço ou procedimento capaz de promover um método mais eficiente de produção.
A inovação é o elo de promoção da eficiência do processo produtivo. É uma alavanca para a elevação da produtividade e consiste em um fator que tem a capacidade de agregar valor aos produtos e às empresas. Criar novos produtos ou aperfeiçoá-los, mudar processos de produção e implantar um novo modelo de negócio pode deixar a empresa inovadora em posição de vantagem frente aos seus concorrentes. Isso permite à firma oferecer empregos de melhor qualidade, ampliar as margens de lucro e ingressar no mercado internacional.
Os benefícios da inovação não se limitam às empresas em termos de maior produtividade e lucratividade. Para os países, ela é determinante para o crescimento econômico sustentado e para o bem-estar social. O progresso tecnológico torna a economia mais produtiva e eleva o produto por trabalhador, podendo ter efeito positivo sobre a renda do fator trabalho. É um elemento que impacta a distribuição de renda na economia e tende a melhorar a qualificação da mão de obra em geral.
Apesar do papel fundamental para o desenvolvimento, a CT&I ainda não é algo efetivamente presente na realidade da sociedade brasileira. Um exemplo disso é uma sondagem realizada em 2015 pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), revelando que, apesar de 70% da população acreditar que CT&I geram benefícios, 83,9% das pessoas não sabem o nome de alguma instituição que se dedique a fazer pesquisa científica no país, e 93,3% dos entrevistados não se recordam de qualquer cientista brasileiro.
É preciso superar esse distanciamento e sensibilizar a população. O cidadão brasileiro deve ter a oportunidade de acreditar no poder de transformação do país por meio de CT&I. Quanto mais a sociedade compreender a importância desses investimentos, melhor será o ambiente para a discussão de estratégias consistentes para o Brasil. É preciso mostrar que essas áreas são tão importantes quanto os setores da saúde e da educação.
É fundamental que a sociedade brasileira consolide a percepção de que é na economia do conhecimento e na aplicação de ciência e da tecnologia nas relações econômicas e sociais onde se encontram as verdadeiras fontes do crescimento econômico e da melhoria da qualidade de vida da população.
Publicado no Jornal SPNorte: 19/05/2017