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Marcos Cintra

O real combate à miséria

Muito se fala atualmente em combater a fome e a pobreza, mas pouco se faz, planejada e organizadamente, no sentido de combater sua principal causa, o desemprego.


O Programa de Combate à Fome, capitaneado pelo sociólogo Betinho, tem a grande virtude de chamar a atenção da sociedade para o problema, mas em sua execução não é mais do que um paliativo.


A questão do emprego merece maior atenção de todos, pois não se trata de um problema único do Brasil, mas do mundo todo. Constate-se hoje, até mesmo em países que experimentam o crescimento econômico, que novos postos de trabalho não são criados, e os que existem são vulneráveis, haja visto o número de vagas que deixou de existir após a dispensa de seu titular. Alguns bons ensaios já foram publicados abordando o assunto em maior profundidade.


Poucos têm consciência da causa, e muitos persistem em tentar minimizar as consequências, dando comida e humilhando o cidadão, sem uma alternativa de continuidade. Não podemos admitir essa postura e necessitamos buscar verdadeiras soluções. Uma delas é o Programa de Geração de Emprego e Renda que a municipalidade de São Paulo vem levando adiante, através da Secretaria Municipal do Planejamento, apoiada pela FAO, Ministério da Integração Regional e Lattermund, órgão da ONU.


O objetivo principal do programa é a geração de empregos através do fomento à criação de empresas associativas, capacitando o homem para tal.


Inicialmente, formam-se, em regime intensivo, os multiplicadores (técnicos em desenvolvimento econômico). Estes vão aos bairros periféricos para repassar seus conhecimentos e capacitar auxiliares de projetos de investimento, pessoas capazes de identificar projetos economicamente viáveis a serem organizados pela comunidade. Deste trabalho nos bairros, é comum o surgimento de diversas empresas e de diversos projetos economicamente viáveis, elaborados pela comunidade local para serem dirigidos por ela mesma. Aqui ainda aproveita-se a mão-de-obra já qualificada, que pode servir inclusive de instrutor para a sua vizinhança, na terceira etapa do programa, a qualificação profissional.


Está na hora de abandonarmos o assistencialismo medíocre, que tira a dignidade humana e coloca-nos na época da escravidão branca, e partirmos para uma ação responsável, de valorizar o cidadão e capacitá-lo a crescer com as próprias pernas. De outra forma, os arrastões, assassinatos, fome e violência, em maior magnitude, tornar-se-ão causas da desordem, resultante de nossa inconsequente miopia.


Marcos Cintra é secretário municipal de Planejamento de São Paulo.



Publicado no Jornal Diário Popular.

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