Uma borboleta batendo asas em Tóquio pode causar um furacão em Nova York, sem que ninguém seja capaz de traçar o caminho de volta do furacão até a borboleta japonesa. Também, jamais conseguiremos prever com exatidão as condições meteorológicas de uma dada semana de março na cidade de São Paulo, que sempre mostrará um comportamento imprevisível. Porém, podemos ter certeza de que jamais cairá neve.
Estes dois exemplos vêm a propósito da Teoria do Caos, analisada em uma recente publicação do Instituto Liberal - "Caos, Administração e Economia" de D. Parker e R. Stacey - que está causando uma revolução no pensamento econômico. Seus postulados básicos dizem que o mundo não se caracteriza pela ordem, mas pelo caos. O desequilíbrio é a norma, não a exceção. Isso não quer dizer que inexistam relações causais. Apenas que elas são extremamente complexas para serem tratadas por meio de relações lineares, como as utilizadas na economia convencional.
Em sistemas não-lineares, a Teoria do Caos ensina que pequenos distúrbios podem causar grandes perturbações, como mostra o exemplo da borboleta. Além disso, a não-linearidade implica que uma dada causa ou ação pode ter mais de um efeito ou resultado, diferentemente das relações lineares, como indica o exemplo da previsão meteorológica. Ou seja, vivemos em um mundo caracterizado pela desordem dentro da ordem.
Esse quadro, além de colocar o liberalismo como alternativa mais adequada para a definição das normas de política econômica, torna cada vez mais atual o discurso da escola austríaca, com sua visão institucionalista, hoje resgatada por economistas modernos, como Buchanan e North, e pela Teoria do Caos. Sem o risco de cairmos no total imobilismo, no fatalismo, porque somente a capacidade de adaptação a novas circunstâncias, que vicejam num regime de liberdade e flexibilidade institucional, são mais importantes para o crescimento econômico do que a pura e simples busca da ordem, do equilíbrio e da estabilidade, em contraposição às regras caóticas que regem a economia.
A regulamentação, o planejamento e a rigidez institucional não são respostas adequadas a sistemas caóticos. A excessiva intervenção estatal, o monopólio e a tributação elevada só fazem reduzir a capacidade de adaptação e de auto-regulação dos agentes econômicos e prejudicam o crescimento.
O que vale, portanto, é a adaptação espontânea a novas e imprevisíveis circunstâncias que surgem a todo momento. A diretriz correta é o fomento da liberdade de mercado e políticas que preservem a agilidade institucional para mudanças.
Marcos Cintra é vereador na cidade de São Paulo.